Casos de Braga exigem acção da AR

Urge mudar o <i>lay-off</i>

Várias centenas de trabalhadores, muitos deles de empresas que anunciaram despedimentos ou impuseram o lay-off, exigiram sexta-feira, em Braga, mudanças no rumo do País e, com urgência, na lei que deixa as mãos livres ao patronato.

O lay-off foi usado para fins políticos

A pretexto da crise, várias empresas recorrem ao lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho) e passam a pagar menos aos trabalhadores, mas exigem-lhes horas extra e aumentam os ritmos laborais. Algumas aproveitam até para, com o tempo de lay-off, «acertar as contas» relativas a horas trabalhadas a mais e que foram colocadas em «banco de horas».
A denúncia pública foi feita por Adão Mendes, coordenador da União dos Sindicatos de Braga e membro da Comissão Executiva da CGTP-IN, e está também contida na resolução que os manifestantes aprovaram e, resistindo aos aguaceiros dessa tarde, foram entregar no Palácio dos Falcões, ao cuidado do novo governador civil, que tomava posse em Lisboa.
No documento, chama-se a atenção para «uma generalizada e abusiva acção de agravamento da exploração, tentativa de retrocesso e liquidação de direitos, alargamento e desregulamentação dos horários de trabalho», desenvolvida nos últimos meses, «a pretexto da crise» e «além dos efeitos da crise», enquanto «uma intensa campanha» procura «apresentar como resposta à crise exactamente as políticas e opções que estão na base» dela.
«Hoje percebe-se que o lay-off foi claramente usado para fins políticos». São referidos os casos da Jado Ibéria, da Leica, da Coelima, da Delphi e da Qimonda: nestas empresas, «depois dos apoios públicos, do adiamento de “soluções” para depois do período eleitoral, o recurso a este mecanismo transformou-se, ou está em vias de se transformar, em despedimento colectivo de centenas de trabalhadores, sem que haja um efectivo controlo por parte das autoridades».
«Várias entidades patronais» são acusadas, na resolução, de recorrerem ao lay-off «reduzindo as remunerações dos trabalhadores, ao mesmo tempo que lhes exigem horas extraordinárias, que aumentam os ritmos e a intensidade do trabalho, que aumentam a produção e os lucros». Sujeitos a uma situação em que, frequentemente, não se verificam as exigências legais mas esse incumprimento não é fiscalizado nem punido, os trabalhadores vêem os seus já baixos salários reduzidos em um terço e até ficam, «em muitos casos, a trabalhar sem receber, mantendo todas as responsabilidades». «Desde trabalhadores que vêem os seus horários reduzidos em 28 horas mensais, passando ilegalmente a receber apenas dois terços da sua retribuição, o que significa trabalhar 30 ou mais horas sem receber, a trabalhadoras que, em períodos de redução de actividade, ficam 8 meses sem receber os salários», aos patrões «tudo é permitido» - protesta-se na resolução.
Depois de alertar para o facto de, no Programa de Governo do PS, estar «abertamente» assumida a intenção de intrometer o poder político na contratação colectiva, para impor a desregulamentação dos horários de trabalho e reduzir os direitos de todos os trabalhadores, o documento redigido pela USB/CGTP-IN recorda os efeitos conjugados da aprovação do Código do Trabalho e do «desinvestimento deliberado» na Autoridade para as Condições de Trabalho. Para além do desequilíbrio das relações laborais, a favor do patronato, este conta ainda com a impunidade propiciada pela inoperância da ACT.
A União dos Sindicatos de Braga e os trabalhadores que participaram na acção de 27 de Novembro, reafirmando a oposição ao actual regime legal do lay-off, defendem a sua urgente alteração, de modo a garantir o reforço dos direitos dos trabalhadores e responsabilizar o Governo e as entidades patronais. São enunciadas nove medidas concretas e, da Assembleia da República, são reclamadas «medidas urgentes» que vão naquele sentido.


Mais artigos de: Trabalhadores

Faltam actos na Saúde

Para diversos problemas que se colocam na área da Saúde, a CGTP-IN e os seus sindicatos exigem ser ouvidos e salientam que os trabalhadores necessitam de acções concretas e urgentes.

Carreiras e avaliação por corrigir

A Fenprof avisou, dia 25, que não aceitará uma estruturação da carreira única da qual resulte uma «subjugação do mérito reconhecido na avaliação a lógicas e critérios estritamente administrativos e financeiros».

Prioridades erradas no SPGL

No dia 10, os sócios do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa vão votar uma alteração de estatutos. Os candidatos e eleitos que integraram a Lista B, nas eleições de Maio, para os corpos gerentes do sindicato, e que mantêm o blogue professores-unidos.blogspot.com, apelaram ao voto na «Proposta B», alternativa à da...

Abusos na <i>Fehst</i>

A Fehst Componentes, em Braga, recorreu ao lay-off «por mero oportunismo» e, ao antecipar o fim do período de suspensão do trabalho, veio confirmar essa crítica das organizações representativas dos trabalhadores. O caso, que remonta a meados de Março, foi trazido à actualidade pelo Sindicato dos Trabalhadores das...

Forte adesão na <i>EMEL</i>

Mais de noventa por cento dos fiscais dos parques de estacionamento da Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa, EMEL, cumpriram uma greve de 24 horas, no dia 25, pela manutenção do horário de trabalho, em negociação no âmbito do Acordo de Empresa, anunciou o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e...

STAL defende serviços sociais

O STAL/CGTP-IN avisou o secretário de Estado da Administração Local, em reunião, no dia 27 de Novembro, que continuará a rejeitar qualquer intenção de forçar à devolução das verbas atribuídas pelas câmaras aos Serviços Sociais dos trabalhadores do poder local. A delegação do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da...

Efectivos na <i>CP-Carga</i>

Depois da intensa luta na CP-Carga, o presidente da administração informou, há dias, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (SNTSF/CGTP-IN) que os trabalhadores com contrato a prazo irão ser integrados no quadro de efectivos da empresa, no próximo mês de Janeiro. A «vitória alicerçada com o processo...

Trabalhadores exigem soluções

Os trabalhadores da IFM/Platex de Tomar vão deslocar-se, dia 11 de Dezembro, a Lisboa, para pedir «soluções para o futuro da empresa», que não produz desde o dia 11 de Abril. Nesse dia, contactarão ainda com o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI), a quem foi pedida uma verba de cinco...